quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Review 6 - Mos Def - "The Ecstatic"

 

2009 está a ser um bom ano para o hip hop, apesar de por cá já não ser o género de que é “fixe” gostar. Eminem regressou após 5 anos de ausência aos álbuns de originais, Jay Z lançou “The Blueprint III”, os Beastie Boys reeditaram a sua obra-prima “Paul´s Boutique”, a estreia de Kid Cudi provou que ele é mais do que “Day ´n´Nite” , Speech Debelle tornou-se na primeira MC feminina a ganhar um Mercury Prize, Dizzee Rascal deslocou-se do grime e levou todos os singles lançados até agora do altamente antecipado “Tongue n Cheek” até ao numero um do top inglês. E Mos Def, após uma década não muito inspirada, lançou o muito bem recebido “The Ecstatic”.
Com a preciosa ajuda de uma mão cheia de talentosos produtores, entre os quais os Neptunes e o malogrado J Dilla, Mos Def criou um sucessor à altura do seu álbum de estreia, “Black on Both Sides”. E para isso foi necessário voltar a uma editora independente. Percebe-se porque: “The Ecstatic” é um risco. E ainda bem que Mos Def arriscou. Criou uma obra experimental, onde a parte lírica se alia perfeitamente à instrumental, numa densidade e diversidade de samples interessantíssima, que vão de diálogos a instrumentais vintage, que deixa o ouvinte ansioso e curioso sobre o que vai ouvir a seguir. Pena que a duração das daixas não prolongue o prazer de ouvir algumas delas e que o álbum ao final comece a perder o fulgor explosivo inicial.
“The Ecstatic” de certeza que vai morar na nossa cabeça durante muito, muito tempo. Claro que só o tempo o dirá, mais vai certamente ficar ao lado das obras primas do Hip Hop nova iorquino como “The Blueprint” de Jay Z, “Illmatic” de Nas e “Life after Death” de Notourious B.I.G. .

Nota: 4/5


sábado, 12 de setembro de 2009

Review 5 - Muse - "The Resistance"

 
Matthew Bellamy é um homem único. Paranóico, pensa nas galinhas mortas para fazer uma sandes e no momento apocalíptico em que vai ter de utilizar as 50 latas de feijões e o machado, comprados certamente num momento de loucura.
The Resistance é um espelho desse tipo de momentos. Concebido como um álbum conceptual sobre o fim do mundo e a colonização espacial, é o espelho de um tipo de banda, que, em pleno séc. XXI, só encontramos nos Muse. Eles queriam fazer algo espantosos. E de facto fizeram.
A primeira parte, por muita qualidade instrumental e lirica que tenha, é, sem margem para dúvidas, um pouco “pirosa”. Se excluirmos “Uprising”, que nos faz lembrar o tema do muito espacial “Dr.Who”, toda ela está envolta numa névoa Classic Rock FM, cheia de riffs que nos remetem para uns Zepellin melosos ou Queen no seu melhor, sempre com as cordas e teclas de fundo. Exemplos: “United States of Eurasia” tem coros à la Bohemian Rhapsody e Undisclosed Desires tem uma batida irritante que nos faz perguntar se o Timbaland não participou secretamente na produção da faixa.
A segunda parte faz valer o álbum por inteiro. Aí já ecoam os bons velhos Muse como gostamos deles, ou seja, explosivos qb. “Unnatural Selection” e “MK Ultra” são espantosas, reminiscentes da época dourada de Origin of Symetry e Absolution. “I Belong To You (+Mon Coeur S'Ouvre A Ta Voix)' é piano jazz, é divertida, é pop, é uma lembrança, em certos momentos, dos tempos da chanson française e possivelmente a melhor faixa (simples) de “The Resistance
“Exogenesis”, a sinfonia dividida em três partes, de que toda a gente fala, é possivelmente o melhor clímax que poderíamos encontrar para um álbum dos Muse. E sem querer estar a soar a exagero, é o clímax de toda a carreira dos Muse. Um peça ambiciosa, construída ao longo dos últimos anos, que faz a ponte entre a música erudita e popular, lembrando-nos não só os compositores clássicos, mas também a modernidade de grupos como Radiohead, expressos nos vocais de Matthew Bellamy,
The Resistance é o resumo de dez anos de trabalho. Junta os riffs hard-rock de Showbizz e Origin of Symettry, o piano dramático de Absolution e as melodias catchy de Black Holes and Revelations. Encontramos tudo isso, em “The Resistance”. Os Muse esgotaram todos os seus truques? Sim. Qual é a nova direcção a tomar? Ninguém sabe. Serão ainda capazes de surpreender os seus ouvintes? De certeza! E com sorte, ainda vamos ouvir osbarulho do autoclismo no próximo album. E um Lado B com a colaboração que fizeram com o Mike Skinner
Nota: 4/5

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Review 4 - Florence and the Machine - "Lungs"

Este ano a música britânica está a ser invadida por uma horda feminina como há muito não se via. Exemplos não faltam: Little Boots , La Roux, VV Brown, Bat for Lashes e Florence and the Machine, só para mencionar algumas. 

Todas elas (umas mais que outras) tinham sobre os ombros o peso das expectativas criadas, mas poucas como Florence Welche e a banda que a acompanha, a Machine. 

Nomeada para o muito prestigiante “The Sound of…”, Florence teve de se esforçar para criar algo que correspondesse às expectativas criadas. E assim, com certo negrume lirico e a preciosa orientação de James Ford (nada mais nada menos que o produtor dos Arctic Monkeys e Klaxons, além de metade dos Simian Mobile Disco), nasceu “Lungs”.

À primeira audição, “Lungs” é uma estreia surpreendente, muito graças à densidade instrumental (pouco típica para um álbum de estreia) de faixas como “Drumming Song”, “Rabbit Heart (Raise it Up) e “Blinding”. Harpas (pelo menos parece), sintetizadores, pianos guitarras, baixos, percussão, coros … todos os pormenores e mais alguns! E depois temos a relativa simplicidade de “Kiss With a Fist” e “Girl with one eye”. E enquanto no primeiro caso a voz tão característica de Florence é apenas mais alguma coisa que lá está no meio, no segundo caso ela é o destaque principal, o que acaba por dotar as musicas com uma beleza natural, ao contrário da artificialidade e excessos que povoam o resto desta estreia.

Basicamente, os Florence and the Machine deram aos críticos o que eles pediram: uma estreia grandiosa. E eles deliciaram-se. Mas tal como uma árvore de Natal gigante, é espantosa à primeira vez, e as seguintes já não são nada de especial.

Nota: 3,5/5

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Review 3 - The xx - xx

 

Escrever sobre uma banda “nova” é uma tarefa ingrata. Por um lado não temos uma linha orientadora, não sabemos se melhoraram ou pioraram ou se estagnaram ou inovaram. Por outro lado podemos destrui-la ou aclama-la em meia dúzia de frases, o que de facto torna as coisa simples, muito simples.
Os The XX, provenientes do Sul de Londres (berço de géneros underground como o Dubstep) têm como referências os grupos R&B e hip-hop que povoaram os tops durante a sua adolescência que agora está a terminar (todos têm 20 anos). R&B e hip-hop…
Sim, as referências estão lá e notam-se. Mas não passam de referências… Toda a musica que eles fazem é pensada para ambientes intimistas, para ser ouvida a um canto, no escuro. O baixo, a batida, a guitarra e os sintetizadores (utilizados de uma forma muito simples ou pelo menos assim soam) ganham um espaço notável, tendo em conta a música que se faz hoje em dia, servindo de banda sonora perfeita às histórias de amor personificadas pels vozes, dando a sensação que temos dois amantes a cantarem-nos ao ouvido, num registo calmo, que se mantém até ao final do álbum.
Não havendo nenhuma faixa que se destaque num todo e assumindo tais referências, que são quase um tabu hoje em dia na comunidade dita “alternativa”, os XX arriscaram. E muito. Eles poderiam ser destruídos antes de se ter ouvido uma única faixa da sua autoria. Mas depois de apenas uma audição do disco de estreia, produzido pela própria banda, temos a certeza que eles têm um futuro (muito) risonho pela frente. Eles provam que não é preciso serem algo espectacular (a todos os níveis) para fazerem boa música. Basta gosto e criatividade. As críticas menos simpáticas podem dizer que é repetitivo e chato, ficando morto logo após as duas primeiras músicas. Mas o “repetitivo” e “chato” nunca souberam tão bem.
Nota: 4.5/5



segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Review 2 - Arctic Monkeys - "Humbug"



Se há uma banda que pode definir a vaga de Indie Rock Britânico desta primeira década do séc.XXI é os Arctic Monekys. Porque se no inicio todos queriam soar como os Libertines, agora todas querem ser iguais aos Arctic Monekys.
Não só foi a nível de sonoridade (que nem era particularmente original) que os rapazes se conseguiram impor num país controlado por NME´s, webzines e fanzines que tanto fazem hype de uma banda, como a destroem na semana seguinte. Eles conseguiram ser uma das primeiras bandas que ficaram verdadeiramente conhecidas a partir da Internet. E foi o Myspace e o file sharing que os levou a palcos generosos (Astoria e uma das prinicpais tendas do festival Reading/Leeds) mesmo antes de terem lançado o primeiro álbum de originais.
“Whatever People Say I am…” foi lançado em Janeiro de 2006 e tornou-se no álbum de estreia mais vendido de sempre na semana de lançamento em Inglaterra, com 360 mil cópias. O álbum seguinte, “Favorite Worst Nightmare” também seguiu o mesmo caminho, mas com uma ligeira mudança de sonoridade, para algo mais rápido e pesado. Nestes dois primeiros álbuns os AM cantavam sobre os problemas de adolescentes e faziam músicas que ficavam bem no dancefloor. Agora não.
O aviso já tinha sido lançado em "505”, a ultima faixa do segundo álbum e possivelmente uma das melhores já feitas pelos Monkeys. Muitos fãs estranharam, mas poucos imaginaram que essa seria uma sonoridade calma e instrispectiva que dominaria o álbum seguinte.
Produzido por Josh Homme no Rancho de La Luna (no fim do mundo californiano) e James Ford em Nova Iorque, “Humbug” levou os rapazes ao negrume que tanto desejaram, reclamando influências não só do pós-punk, do acid e stoner rock mas também do indie pop/rock caracteristico dos Last Shadow Puppets, desligando-se em parte do som que lhes deu a fama e os levou aos palcos do mundo inteiro.
Para quem já segue os Arctic Monkeys desde o inicio da carreira, tudo é estranho, tudo é diferente - Eles cresceram, e muito, de tal maneira que abandonaram as musicas punk em formato confissão pós adolescência para cantarem sobre as pequenas histórias da vida, num estilo seguido, entre muitos, por Morrisey e Jarvis Cocker. Nenhuma faixa é imediata e se não fosse a voz de Alex Turner, nem diríamos que pertencia à banda que nos deu “I Bet you look good on the dancefloor”. As guitarras são sinistras, fugindo à explosão de energia que caracterizaram os trabalhos anteriores, e os detalhes bem trabalhos, desde os coros até aos teclados, exigindo obrigatoriamente mais que uma simples audição.
Não podemos dizer que este é o melhor álbum, já que todos são bons dentro do seu género. Mas certamente todos recordarão “Humbug” como sendo o álbum que marcou a entrada na idade adulta e aumentou a abrangência do som da banda deslocando-se definitivamente da sonoridade anterior (o que é complicado para muitos grupos) e deixando em aberto uma enorme lista de possibilidades. Electrónica à la Bloc Party? New Prog com guitarradas indie? Só o futuro o dirá.
Os rapazes de Sheffield passaram com distinção na difícil prova do terceiro álbum e este certamente será um dos que vai figurar na lista dos melhores do ano, juntamente com os igualmente difíceis terceiros albuns “Tonight” (Franz Ferdinand) e “Its Blitz” (Yeah Yeah Yeahs). Mas esperemos até Novembro para ter a certeza…
Nota: 4/5


domingo, 23 de agosto de 2009

Review 1 - Calvin Harris - "Ready for the Weekend"



Já alguma vez ouviram um álbum que gostam, mas que não querem admitir aos vossos colegas e amigos, com medo de serem gozados ? Este é um desses casos. 

Calvin Harris em 2007 assumiu-se como criador do Disco. Mas se "I Created Disco" era aceitável nos anos 80 e um óbvio piscar de olhos à DFA, "Ready for the Weekend" é puros anos 90. Os ácidos, as calças largas, as cabeçadas à bola de espelhos, Ibiza...Tudo!

Imaginem-se a tomar uma boa dose de ácidos no meio de uma discoteca. Nessa trip, a discoteca transforma-se num estádio gigantesco, esgotado, com Harris no centro, juntamente com a sua banda. Nesse momento, começa a tocar a "Im Not Alone", a grande faixa de "Ready for the Weekend". Todos berram a parte inicial e quando começam as teclas, seguidas da batida, o estádio fica eufórico. No minimo.

Mas não só de "Im Not Alone" que vive num conjunto de 14. Quase todas as faixas tem capacidade para brilhar em qualquer local: Em casa, numa ida à Zara ou numa discoteca toda transpirada.

Em "Ready for the Weekend", embora seja dominante a sonoridade house, também se nota uma urgência pop desgraçada, e isso vê-se nos hooks kitsch criados por este produtor escocês, que evocam as batidas do inicio dos anos anos 90 e os grand-piano.

A duração (52:11), as letras (que no fundo até cumprem o seu papel), as faixas instrumentais (tentativa falhada de elevar o álbum a um nível mais sério) e a inserção de "Dance Wiv Me" (um dos grandes hits do Verão passado e que por muito boamque seja o tema, este não se insere na sonoridade no álbum) são os grandes handicaps e que por pouco que o ouvinte lhes ligue ,acabam por assombrar logo após a primeira audição.

Aqui não há espaço para inovação. No entanto é agradável ouvir algo sem grandes pretensões, mas que num ano tão bom em fornadas pop, rapidamente vai ficar esquecido. Especialmente quando muita gente se lembrar que os fãs do Bob Sinclair, do Guetta, do Basshunter e do Tiesto até podem gostar disto. Eu não tenho nenhum problema com isso.

Nota: 3/5

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Carta de Intenções

1 - Diversidade é a palavra chave. Do Grime ao Rock, passando pelo, Indie, Electro, World Music e Pop, por mais chiclete que seja. Todos passarão por aqui.

2 - Este blogue serve para divulgação musical e não só. Tudo é bem vindo desde cinema à fotografia passando pela literatura

3 - Leiam. Se gostarem digam, se não gostarem, digam também. Podem dizer tudo. Tudo mesmo.